Artigos
Pachamama e a internet of things: para além da ideia ocidental de cidadania
Este artigo busca contribuir para as reflexões acerca da crise das ideias de sociedade e cidadania derivadas do pensamento dicotômico ocidental, a partir da noção de “direitos da natureza” e da inclusão da Pachamama nos debates constitucionais e legislativos em distintos países, bem como da condição tecnológico-comunicativa contemporânea, marcada pela constituição de redes digitais interagentes que conectam além de humanos, biodiversidade, objetos, superfícies, dados, inteligência artificial.
A cidadania digital, o net-ativismo e o protagonismo dos não-humanos: a comunidade que vem
A nossa época nos exige um esforço conceitual incomum. Torna-se necessário repensar a morfologia do nosso social e a qualidade das interações entre humano e não-humanos. Tudo resulta afetado. A nossa ideia de comunidade, de política, de democracia e de participação, que herdamos da imensa tradição do pensamento ocidental, resulta inadequada perante tais transformações. A tal desafio linguístico e conceitual acompanha também um qualitativo desafio disciplinar.
Depois da metrópole, as redes info-ecológicas e o fim da experiência urbana
As novas formas de conectividade após a difusão das redes ecologias digitais, isto é, a conexão de vários tipos de superfícies (Internet das coisas), desencadeou, em todo o meio-ambiente, uma comunicação generalizada que alterou nossa relação com o meio-ambiente criando info-ecologias, isto é, habitat reticulares complexos que conectam os indivíduos e os espaços físicos a redes de dados e de substâncias diversas. Supera-se, assim, a forma urbana ocidental, baseadas na antropomorfização do espaço e na sua reificação. Às paisagens urbanas sucedem as info-ecologias e as redes conectivas, portadora de uma nova contratualidade entre indivíduo, espaço e informação.
Ecologias conectivas: a qualidade transorgânicas das interações nos ambientes-redes
A Internet não é mais uma rede técnica e não é mais apenas uma rede de pessoas e cidadãos: é advento de uma nova conexão planetária, diferente daquela que uniu o conhecimento da inteligência humana ao mundo. As novas formas de conexão estão digitalizando a biosfera, nos transformando de cidadãos e habitantes de nações em habitantes de galáxias de bits. As formas de conexão entre territórios, coisas, pessoas e dados influenciam a mesma ideia de educação e as práticas de ensino, transformando a mesma prática de repasse de informações entre humanos e textos em práticas habitativas e conectivas
O net-ativismo indígena na Amazônia, em contextos pandêmicos
O artigo é parte de uma pesquisa atópica sobre a apropriação de tecnologias por ameríndios amazônicos, que culmina na pandemia do coronavirus. O objetivo da pesquisa aborda o modo como as comunidades ameríndias da Amazônia se apropriaram das tecnologias digitais para as práticas de resistência net-ativistas, diante do vírus da Covid-19 e na desmobilização da informação por parte do governo brasileiro. O método utilizado é a atopia em concordância com a complexidade. Resultados: identificação de comunidades ameríndias amazônicas conectadas a internet, que utilizam de recursos net-ativistas; identificação da informação, sobre a Covid-19, que chega às redes ameríndias de comunicação; produção de material audiovisual junto às comunidades, sobre a Covid-19.
Educação OnLIFE: a dimensão ecológica das arquiteturas digitais de aprendizagem
A digitalização do mundo e a conexão generalizada possibilitam a construção de redes e de arquiteturas conectivas interagentes, nas quais a aprendizagem passa a ser compreendida a partir de uma lógica ecossistêmica em que atores humanos e entidades diversas (às quais a digitalização deu voz) dialogam e, num processo de interdependência, constroem uma ecologia inteligente. O artigo, a partir da reflexão sobre a nova conexão planetária e o habitar em rede, questiona que problematizações e desafios essa nova realidade coloca para a Educação. Apresenta três abordagens interpretativas da relação humano-tecnologia digital em contexto educacional e, finaliza com elaborações sobre a Educação OnLIFE.
O Comum Digital: as dimensões conectivas e o surgimento de um novo comunitarismo
Este artigo tem por objetivo oferecer uma leitura do significado das dimensões conectivas e ecológica do “comunitarismo” contemporâneo a partir da identificação dos elementos caraterizantes das arquiteturas informativa reticulares. Elementos estes que apontam para a emergência de uma nova dimensão do social na qual os elementos tecnológicos, humanos e ambientais adquirem suas dimensões e formas, somente enquanto conectados, segundo suas atividades agregativas. Apresentando os conceitos de “comunitarismo”, “bens comuns”, “identificações”, “ator-rede”, “tecno-ator”, “dispositivos de conectividades”, “atopia” e “ato conectivo”, este artigo propõe algumas chaves de leitura das ecologias associativas contemporâneas e do “comum digital”, decorrentes da difusão do social network e das redes sociais digitais.
Redes sociais digitais, epistemologias reticulares e a crise do antropomorfismo social
O advento das redes sociais digitais e as suas implicações para as transformações das nossas sociedades nos desafiam a buscar novas teorias interpretativas capazes de narrar o dinamismo contemporâneo. Para entender a profundidade das transformações decorrentes da difusão das redes digitais é necessário interpretar a lógica reticular a partir não somente de uma perspectiva comunicativa, mas no interior de uma mudança maior que torna possível a compreensão das arquiteturas reticulares como uma ruptura epistêmica que acontece em diversos campos do conhecimento. Este breve ensaio baseia-se, portanto, na tentativa de refletir, diante desse fenômeno qualitativo, de que maneira seria possível desenvolver um pensamento social reticular.
Net-ativismo e a ecologia da ação em contextos reticulares
As culturas ecológicas contemporâneas, as práticas de sustentabilidade, os movimentos de ativismo digital que marcaram a primavera árabe e os protestos continuados em todas as latitudes através de formas de conflitualidade realizadas mediante as interações com social_ networks, são as expressões de um novo tipo de ação social, não mais direcionada ao externo, nem apenas resultante de práticas provocadas por um condicionamento informativo ou técnico. Este trabalho tem por objetivo discutir esse novo tipo de ação, indicado aqui por “net-ativismo”, o conjunto de ações colaborativas que resultam da sinergia entre atores de diversas naturezas - pessoas, circuitos informativos, dispositivos, redes sociais digitais, territorialidades informativas - apresentando, segundo esta perspectiva, como a constituição de um novo tipo de ecologia (eko-logos) não mais opositiva e separatista, mas expandido às demais entidades técnicas, informativas, territoriais, de forma reticular e conectiva.
Do social para as redes
Prestes a partir para uma expedição militar, vestidos com suas armaduras e reunidos numa cerimônia, os soldados atenienses recebiam em forma solene a seguinte invocação “por onde irão, serão polis!”. Portadores dos valores da democracia, os antigos guerreiros gregos foram os pioneiros inconscientes daquele processo milenar que levou o ocidente a exportar para o mundo seus modelos sociais, seus valores, seus deuses, atravessando mares, vencendo distâncias e conquistando povos e terras, mas sem jamais encontrar alguém.
Tecnologias comunicativas, esfera pública e mídias nativas
Em seguida à difusão de telescópios no espaço por meio de satélites que os elevaram em órbitas distantes ou até mesmo em outros planetas, nos últimos anos, continuamos a receber imagens extraterrestres, isto é, imagens do nosso sistema solar captadas por perspectiva não mais terrena, mas extra-planetária e meta-geográfi ca. O primeiro resultado foi a mudança da concepção da grandeza e da ordem dos planetas em volta do sol e a rediscussão da sua mesma conformação. Como na época do telescópio de Galileu Galilei, a relação entre ciência, conhecimento e técnica e instrumentos de observação resulta a um olhar histórico, incindível. Como confirmado pela relatividade de Einstein, pelo princípio de indeterminação de Heseinberg, a ciência e o conhecimento desenvolvem-se a partir de alterações de percepções provocadas pela introdução de novos instrumentos tecnológicos que nos oferece visões e “imagens de mundo”, segundo a defi ni ção oferecida por Heidegger.
Marshall McLuhan, o humanismo tecnológico e as formas comunicativas habitar
Este artigo aborda duas importantes características do pensamento e da obra de Marshall McLuhan: a sua concepção de humanismo, articulada ao conceito de extensão e de eletricidade, e a sua análise sobre a influência da mídia na condição habitativa. Partindo do seu conceito de aldeia global e da sua ideia de cidade como “extensão dos mecanismos corporais de controle térmico”, encontramos elementos suficientes para a construção de uma outra perspectiva de humanismo, não mais ontológica e autocentrada, mas relacional e em diálogo com as tecnologias, os meios de comunicação e as territorialidades atravessadas pelos circuitos informativos.